Fim do mundo
domingo, outubro 24, 2004
Descanso
[Férias]
Retornando hoje de uma temporada de 3 dias no Condado. Sombra e água fresca (mas daquela que passarinho não bebe) deram o tom do meu final de semana opcionalmente prolongado. Alguns desencontros, com amigos bêbados demais para se encontrarem com qualquer coisa, mas muita risada e muita conversa produtiva..

Feliz por poder voltar a trabalhar e produzir com baterias semi-recarregadas.

Final de semana que vem eu volto, para recarregar totalmente as baterias. Vou prestigiar (e cobrir) o primeiro festival de Rock da história do Condado. Três dias, nove bandas, lama e diversão num evento que deveria ser o mais importante do calendário festivo da cidade. Não aquela abominação de "festa brega", que aconteceu nesse final de semana e serviu pra mostrar o quanto é o povo de lá precisa evoluir...

Por enquanto, é isso.

Abraços,
Leandro
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terça-feira, outubro 19, 2004
Um monte e mais um pouco

[I'm back]

Depois de uma semana do tipo "nem o inferno pode ser tão ruim assim, o mundo fede e a vida é sem sentido", estou de volta à realidade e observando as coisas voltarem a fazer sentido. Nem tudo está as mil maravilhas, porque não é esse o estado natural da vida, mas estamos trabalhando pra chegar lá. Objetividade, já disse. Enquanto isso, continuamos a trabalhar e produzir. E trabalhar mais. E receber pouco. E se orgulhar do que se faz. E deixamos pra VIVER mais tarde. Semana que vem, quem sabe...

Estou voltando às raízes e escrevendo (quase) em tópicos, como os primeiros textos que postei aqui. Não é nada agradável de ler, mas me permite mudar de tema para tema como se eu estivesse sob o efeito de entorpecentes, além de pensar em um monte de coisas em pouco tempo. Que é mais ou menos o equivalente a poupar algumas centenas de reais em sessões de terapia.

Tentem acompanhar o raciocínio e desculpe pela falta de nexo em alguns trechos.

Eu posso muito bem estar inventando tudo o que escrevo aqui.

[Indo embora]

Ao meu lado, no ônibus que nos leva de volta pra casa, um casal troca carinho aparentemente verdadeiro. Raro isso de ser verdadeiro. Queria ter certeza de que esse casal se ama de verdade, mas é impossível saber. Só posso ter certeza do que eu mesmo sinto e sou feliz por amar a mulher que amo.

Pela janela do ônibus, as pessoas estão voltando para as suas casas, assim como eu também estou. Volto pra casa como quem volta para seu ninho e acho que esse é sentimento da maioria das pessoas que me acompanha.

[Atualização]

Fiquei um tanto culpado por demorar pra postar, mas estive pensando. Escolhi postar aqui coisas que me significassem algo. Não estou falando de como foi a aula hoje, nem quem ficou com quem, ou como foi a "***festénha da Júúúúúú!!!!! Ti Amúúúúúúúúúúúú*** tipow mlx msm haeiou xp cd ig ksl :)]-(=+heiou]!!!". Então eu posto quando achar que tenho o que falar.

[Trabalho]

Passei a semana atolado em serviço ruim. Daquele serviço chato, que não desenvolve, não sai do lugar, não agrada por mais que tentemos observá-lo de diferentes ângulos. Uma bosta! Tão ruim, que até quando escrevo sobre a semana passada o texto não sai como eu gostaria. Quem sabe melhora daqui pra frente? Impossível prever. Previsões não são minha especialidade, de qualquer maneira. Não acredito em nenhuma. Mas talvez chova por volta de quarta-feira.

[Devoção]

Estou assistindo a um documentário a respeito de Charles Manson, serial killer americano que no final dos anos sessenta formou um "culto satânico". Esse grupo foi responsável por várias mortes. Eles entravam nas casas das pessoas no meio da noite e as matavam. Mas antes disso, eram apenas membros de mais um grupo hippie dos anos 60. O que mais impressiona é a facilidade com a qual Manson trazia membros para o seu grupo. Ele era apenas mais um cara, com um discurso pronto a respeito de como o mundo era injusto e nos reprimia a todos. Mulheres acreditavam que ele era o cara mais inteligente do mundo e os homens queriam ser como ele.

Acredito que a escolha dos ídolos se dá de forma quase aleatória. Acho que é por isso que tanta gente assiste a reality shows. Eles querem que seus ídolos sejam pessoas como outra qualquer. "A plebe quer que os deuses desçam para brincar". Daí, eles inventam histórias malucas para que esse ídolos sejam “adoráveis” e críveis e... bem, “ídolatráveis”. Pronto! É melhor acreditar numa mentira inventada do que ver o que está na nossa frente. Então, de repente, Charles Manson, a coisa mais louca e obscenamente deslocada que já pisou sobre essa terra e debaixo desse céu, junta 25 seguidores e sai por aí matando mulheres de diretores de cinema.

[Sons]

O Green Day lançou disco novo. O clipe está passando agora na MTV. É o mesmo som do Green Day de sempre, tão criativo quanto o pop-punk deles pode ser.

Outra banda com disco novo é o Flogging Molly. Baixe esse disco na net, porque aqui você só vai conseguir importado, então você não vai conseguir. Só não deixe de ouvir o som do Flogging, banda californiana com fortíssima influência de música folclórica irlandesa, misturada com rock n' roll e um violino. Pare de ler isso e vá procurar algumas músicas dos caras.

Abraços,

Leandro

... é bom voltar a postar aqui.

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segunda-feira, outubro 11, 2004
Anime Festival

[Festival]

Eu não sou especialista em animes, mangás, ou qualquer produto de entretenimento que venha do Japão. Saiba, então, que se você continuar a ler esse texto, vai estar lendo as palavras de um quase leigo. As poucas coisas que sei são frutos da convivência com meu irmão mais novo. Ele gosta de um monte de japoneses malucos. E me fez gostar de uma meia dúzia de animes e mangás bem legais que esse japoneses fazem extremamente bem feito. Aliás, nós poderíamos aprender algumas coisas com eles no que diz respeito a competência quando o assunto é trabalhar com entretenimento, mas isso é discussão pra outra hora. Fato é que conheço menos do que gostaria e sei mais do que um monte de gente acha que eu sei. Assumi que isso me credenciava a ir até o Anime Festival, evento para fãs de entretenimento japonês, que aconteceu durante esse final de semana aqui em Belo Horizonte.

Existia uma fila considerável à porta do Marista Hall. Não tinha nada a ver com o Anime Festival, pra falar a verdade. As roupas das meninas, a idade das mesmas e a completa euforia eram típicas de fãs de pop internacional. Dali a poucas horas, o "The Calling" estaria subindo no palco daquela casa de shows para tocar para uma platéia recheada de hormônios ainda adormecidos. Escutei, no entanto, enquanto passava pela porta do lugar, parte da passagem de som da banda. Isso, por si só, já tirou o fôlego de algumas crianças que esperavam na fila. Ouvi garotas gritando "ALEX!!!!Háááááááá!!!!!!" Assumi que esse era o vocalista da banda e que as meninas estavam esquentando a garganta para o show de verdade. Fiquei feliz com essas adivinhações e fui em frente. Existe um outro tipo de devoção para os adoradores de anime e mangá. É bem mais calma e, de muitas maneiras, muito mais visceral.

Eventos como o Anime Festival são feitos de fãs pra fãs. Essa frase -- de fã pra fã -- é, inclusive, um tipo de mote de vários órgãos de distribuição de animes (desenhos animados japoneses) que existem no Brasil todo. Isso significa que se você não é inteirado com esse mundo, você se sente um tanto por fora. Não completamente porque sempre há quem se disponha a explicar o que você quiser saber, e o mínimo interesse demonstrado da sua parte é o suficiente para que qualquer um passe horas te explicando tudo o que existe para saber sobre as armas, nomes, habilidades especiais, roupas, manias, hobbies, cor de cabelo, de qualquer personagem que você quiser. Existe especialista em tudo que circunda esse mundo dos animes. Mais especialistas do que é saudável ter, mas isso é outro assunto.

Logo na entrada, duas lojas vendem HQs e camisetas a perder de vista. É tudo o que se precisa para dizer aos fãs "você é bem vindo aqui". Aliás, camisetas, revistas e tranqueiras diversas são as coisas que não se podia reclamar de estarem em falta. Desenhistas (falsos e verdadeiros) também estavam lá aos borbotões. A meia dúzia de passos da porta, estava a sala da Medieval Brasil. Merecem capítulos separados todas as pessoas que fazem parte dessa organização. Visitem o site deles (www.medievalbrasil.com.br), comprem alguma coisa e apóiem a iniciativa dos caras. É monumental o que eles fazem. Roupas, espadas, adagas, túnicas, bastões, pingentes, machados, qualquer coisa medieval que você quiser, lá tem. Tudo extremamente bem feito, com qualidade primorosa. A "Linha Conan", com espada e machado, foi a minha predileta pessoalmente, mas tenho que confessar que quando vi um cara comprando o escudo e a espada do Link (de Zelda), fiquei com uma ponta de inveja. Mas fiquei feliz ao mesmo tempo porque o dinheiro que a Medieval Brasil levar de Belo Horizonte (espero que seja bastante para que eles possam se animar e voltar) vai ser pouco devido à qualidade das coisas deles. O casal que lá atendia -- um cavaleiro medieval e sua mulher, em roupas no melhor estilo "donzela em perigo" -- foram, ainda por cima, extremamente simpáticos.

Em um mini-teatro aberto, guerreiros promoviam lutas com espadas. Isso não é brincadeira. Um grupo empolgado de participantes confeccionou espadas e estavam chamando os visitantes para embates a céu aberto. O fato das espadas serem tubos de PVC com espumas enroladas em silver tape não tirou a graça dos duelos, que duraram os dois dias. Os visitantes faziam fila e os guerreiros (três pelo que me lembro) revezam para "matar" os pobres coitados. Alguns visitantes ficaram bons no negócio e chegaram a derrotar os desafiantes. Tudo numa clima de diversão sem precedentes.

Érica Awano -- a desenhista da HQ "Holy Avenger", a mais bem sucedida revista em quadrinhos nacional da história -- deu palestra e sessão de autógrafos, os dubladores da Buma (Dragon Ball) e do Iki, de Fênix (Cavaleiros do Zodíaco) enfrentaram uma fila imensa de fãs para autógrafos em profusão. Parabéns aos organizadores por trazerem esses profissionais que a gente não tem oportunidade de ver, mas que trabalham feito gente grande.

Cosplay! Outro assunto que merece capítulos a parte. Parabéns para todo mundo que se vestiu como seu personagem preferido e foi pra lá. O sol estava de matar e ainda assim os corajosos se vestiram com sobre-tudos e foram participar, no maior bom-humor, do evento. Cosplay, pra quem não sabe, é a prática de se vestir como o personagem de algum anime ou mangá (quadrinhos japoneses). Tem alguns para você ver aqui http://ubbibr.fotolog.net/cosplay/. O nível em BH, na maior parte dos casos, ainda é "amador - ode ao tosco", o que rende boas risadas. Mas ainda assim, teve gente que se empenhou e só posso congratular esses malucos. Parabéns especiais para o cara que teve a mágica idéia de ir de "Samara", a menininha do filme "O Chamado". SENSACIONAL!!

Muitas coisas eu não consegui ver, outras tantas eu gostaria de ver de novo. Mas o principal, pra mim, de ir a eventos como esse são as pessoas. Conheci gente que eu nunca tinha visto antes e isso, por si só, já valeu a ida. Se você vai num evento como esse e não conhece ninguém -- ou pior, finge que não conhece quem conhece para se mostrar superior -- você sai perdendo. Além de ser patético.

Então, abraços especiais para:

Manguinha, Leandro e todo o pessoal que sempre vai nas oficinas de sexta-feira: melhor sorte no próximo torneio do Soul Calibur 2.
Patrícia: volte para interior, mas não deixe o interior voltar pra você. Estou esperando pelo livro.
Daniel: você desenha, véi?
Lígia (Luthien_lee): esqueci de cobrar a minha camisa do orgulho mineiro, mas espero que nos encontremos de novo. Prazer te conhecer.
o Samara: não sei quem era o cara, mas ele teve uma idéia incrível.

Problemas existiram, é claro, mas falar mal é fácil. Então fica pra uma próxima vez.

Ano que vem tem mais.

Abraços,
Leandro

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sábado, outubro 02, 2004
Belo Horizonte Paralela
2ª Parte

[Final]

E adoro cidades. AMO-AS, na verdade. Sou fascinado por construções feitas pelo homem, por dados do tipo "esse carregamento só pode ser transportado à noite, porque é preciso retirar cabos de força dos postes para que o caminhão consiga passar", adoro o cânion de pessoas que se forma numa rua cercada de prédios.

Eu penso na mera possibilidade de uma cidade existir e fico imaginando como é possível. Porque se você parar pra pensar, você vai ver que existe uma quantidade enorme de terra emersa no mundo, então qual a probabilidade de uma pessoa se fixar num lugar? Qual a probabilidade de mais pessoas quererem se fixar naquele mesmo lugar? Qual a chance daquele lugar, uma vez escolhido por uma pessoa se tornar um novo meio ambiente?

Pra mim, as cidades (qualquer cidade) são um novo ecossistema, com suas próprias regras, vocabulário, jeito de se vestir, de andar, de ser. Fique tempo suficiente numa cidade estranha, e quando voltar ao seu cantinho, poderá ouvir comentários a respeito de como você está mudado. Não estou falando do modo de falar ou andar, estou falando do mero modo como a gente existe. Porque as cidades entram na gente, nós as respiramos, seus cheiros nos atacam a cada esquina, seus ruídos nos ensurdecem (ou nos acordam pra vida). As cidades nos tornam parte dela, elas entram em nossos corações, estão na nossa corrente sanguínea.

Pode parecer exagero, mas se você leu lá em cima, você sabe que eu gosto muito de cidades.

Belo Horizonte Paralela é a melhor das cidades. Porque ela é criação da minha cabeça, ela existe porque eu quero que ela exista.

Há elementos da BH Real, na BH Paralela? É claro, porque nada surge do absoluto nada.

A BH Paralela é perfeita? É claro que não! Ela é fruto de uma mente humana -- como se isso já não fosse problema suficiente, da minha mente -- e como tal, ela possui problemas. Vários! Mas atravessar suas ruas, é como atravessar os quadrinhos de uma HQ. Isso é tudo o que se pode pedir pra que uma cidade seja perfeita. Que cada parte dela tenha seus significados, que cada um dos seus indivíduos saiba que faz parte de algo muito maior e, justamente por isso, tenha a capacidade de ser único.

A BH Paralela surgiu da minha necessidade de devolver à BH Real as coisas boas que ela já me mostrou, que já me ensinou, que já me fez entender. Ela é uma fabricação. No último post usei a expressão "faz de conta", porque gosto dela. Faz-me pensar em contos de fadas, que são incríveis "não porque nos dizem que dragões existem, mas porque nos mostram que eles podem ser destruídos" (isso é parte do prefácio de um livro do Neil Gaiman, chamado Coraline. Agora não estou lembrando quem é o autor do prefácio, mas o livro é muito bom. Aguarde futuro post a respeito do próprio Neil Gaiman num futuro próximo). O grande dragão do mal que era BH quando me mudei pra cá, hoje não existe mais. Ou pelo menos está domado. Adoro essa sensação de estar em paz comigo mesmo. Se fosse médico, eu diria que abri a cidade e olhei suas entranhas, já que sou fã de metáforas nojentas. Posso andar pelas ruas da capital sentindo o que ela me oferece, sem ficar incomodado. Cheiro de comida chinesa com costelinha de porco, café árabe, cigarro com ar-condicionado, chuvas raras e bem vindas, e perfumes que trazem lembranças. Barulho infernal no boteco do outro lado da rua, a voz angelical da atendente que te trata bem. São essas pequenas coisas que fazem a BH Real me surpreender a cada segundo. A BH Real me faz crescer e me mostra o quanto sou pequenino diante do mundo. Isso é o que ela tem que fazer de qualquer maneira. Assim, sem saber, ela me faz maior do que eu achava que poderia ser.

Lembro-me de um amigo do meu pai que, ao conversar comigo anos atrás, disse: "fale da sua aldeia e terá falado do mundo". Sinto, portanto, que a BH Paralela é sim um mundo paralelo. Meu mundo, de certa forma. Existe nele aquilo que gosto, os desafios apresentados por ele, eu consigo superar... E as ruas são um pouco mais coloridas: porque é preciso sorrir.

Algum dia, talvez a BH Paralela seja uma realidade... se eu for o dono do universo conhecido na próxima encarnação. Não e não. A BH Paralela é uma invenção e vai continuar a ser uma invenção para todo o sempre. My Rosebud -- if you will. A BH Real é... bem, real. Essa é de verdade e é a cidade que aprendi a gostar, a cidade viva, com todas as suas particularidades, defeitos e qualidades.

São as ruas dessa cidade que, ao sair de casa pela manhã, eu sinto sob meus pés.

É essa cidade que me olha do alto de seu edifício mais alto, sorri como uma puta cheia de vida e pergunta com carinho: "quem está sob quem, querido?"

Eu sorrio de volta.

Fim

posted by Leandro @ 1:50 AM   0 comments
é aqui onde começa.
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About Me: Nasci em Formiga-MG, moro em BH. Formado em publicidade e propaganda pela PUC-MG, mestrando em comunicação social.
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